sexta-feira, março 6


“Estava frio demais para sairmos lá fora, mas mesmo não se importando com isso, com os nossos finos casacos corremos para fora e nós jogamos no pequeno quintal que tinha ali. Era um noite fria, mas o céu estava aberto, tinha muitas estrelas, centenas, milhares. Então você segurou a minha mão, aproximou o seu corpo do meu, sussurrou algo carinhoso e logo depois, antes que eu pudesse raciocinar o que você tinha dito, você depositou um beijo, nos meus lábios, ficou ali parado por alguns minutos e quando se levantou, disse adeus e foi embora, me deixando ali completamente perdida sob um céu estralado.”
- D. Fagundes, céu estrelado


sábado, agosto 25

Como saber quem eu sou de verdade?


Já teve um despertar de que se perdeu e não consegue se mais se encontrar? Não tem haver com crise de idade, mas sim das escolhas de que teve que fazer para chegar aonde chegou. Do tanto que teve que abrir mão, dos erros que carregam no peito, dos silêncios que te fizeram não ter paz. Já não sei mais quem sou de verdade.

Eu tinha esquecido do porque que comecei a escrever, e acredito ser por mim. Lembro-me da garota tímida que carregava felicidade e tristeza, e de como via o mundo em cores vivas. Não sei como ela se encontrou, mas sei de como ela se perdeu. Desapareceu.

Como voltar para casa? Eu me sinto vivendo um dia após o outro, largada e implorando que isso acabe o mais rápido que puder. Não entendo os planos de Deus, só espero que faça sentido. Porque não me vejo limpa.

Sentado no chão do banheiro, deixo a água cair sobre meu corpo e a presença da paz reina. Procurando proteção de quem um dia alcançou e conseguiu deixar escapar dentre os dedos. E ainda posso viver a chuva sobre em mim, de olhos fechados percebo minha alma se envolver em fino caso de compaixão. Buscando ter forças para seguir em frente, só não quero que acabe, porque sei que quando voltar, eu vou voltar para todos os meus problemas e encarar pessoas com um sorriso estando fingindo ser alguém que eu não sou. Na real, não sei nem quem eu sou de verdade. Eu me perdi, eu fugi, e não sei o caminho de volta.

Ela se cansa.

sexta-feira, agosto 24


domingo, maio 21

A Ponte.



Putz! A vida é tão intrigante, não adianta dançar nos passos da música. Não é o suficiente. Precisa ter seu próprio ritmo. Precisa ter seu jeito, o sorriso, a maneira de como clichê faz sentido e como se entregar é leve. 

Não tive outras vidas, mas sim, a certeza que precisamos viver cada segundo tão intensamente quanto se fazer do avesso. Em um piscar de olhos tudo pode não estar mais como antes, é o risco que corremos. Aquele aperto no peito e falta de ar nos pulmões, te distorcem, porém não deixe se levar, se você se deixar ir é bem capaz de não consegui voltar mais. Isso se chama viver. E quando o medo bater, pare, respire fundo e volte para o início. Nunca se esquecer que intemperes existem, mas meu amor, levanta tua cabeça! Recomece, tente sempre e não deixe o horizonte de lado. Muito te espera.


quarta-feira, abril 6

Sobra eu mesma.


Às vezes, me arrepio só de lembrar das certezas de quem sou. Isso sempre vai se basear em confiar em si próprio, eu sou mais eu. E onde está a sua auto confiança?

Tive muitos sonhos na vida, acredito sempre naquilo que faz meu coração vibrar de um jeito tão engraçado que me faz sorrir. Em alguns momentos que lembro, estive sozinha e na maioria desses momentos, eu não senti medo. Quando criança, meu pai me ajudou de diversas formas, ele depositou sua confiança em mim e soube me criar a ser independente. Ele precisava que eu fosse, mas ficou surpreso. Não é algo que se cria na verdade, vem de dentro, você molda, já faz parte de você.

Sabe quando quem você ama te deixa caminhar com as próprias pernas? É a mentira mais doce que se pode esperar para te testar, você pode no fundo acreditar que está sozinho, mas a verdade é que você nunca vai estar. Posso olhar para atrás, noto que oito anos se passaram. Aos dezoito anos, tive outros sonhos diferentes do que tenho na face hoje. Era tímida, introvertida com meus amigos, e em casa sempre fui quem sou de verdade. Chega a ser engraçado quem me conheceu no passado conversa com alguém que me conhece hoje. E é nesse Hoje, eu sinto falta da minha irmã dizendo quase todos os dias o quão louca ela me acha. Mas falar dela ainda dói o peito e isso é outro pano para manga. Pareceu ilusório, mas é real. Não entendo bem como eu mudei, talvez só tenha me sentido a vontade em viver externamente. Conheci pessoas que me moldaram, que me fizeram mais fortes e fracas em muitas situações. E aos vinte quatro anos, me sinto viva. De um jeito tão meu.

Não quero outra vida, tenho personalidade o suficiente e gosto de me sentir independente. Para quem me conheci até pouco, se faz notório. Muitos confundiram, se irritaram, até hoje não me entenderam. Mas chegou um tempo que percebi que não valia mais a pena não transmitir toda minha intensidade por mais confuso que se mostrasse. Talvez, tive que juntar meu coração tantas vezes chegando em ponto insuportável, que precisei mudar. Não é uma máscara negra. Sou eu mesma sobrevivendo do meu jeito. Como sempre fiz. E como sempre vou fazer.

Um dia, me disseram que meu maior defeito era minha auto confiança. Que é de um exagero absurdo. Mas eu luto todos os dias para fazer disso meus dias de glória.

© O Ritmo da Chuva.
Maira Gall